Quem não se lembra da equipa do Benfica orientada por Mário Palma? Carlos Lisboa, Henrique Vieira, Jean Jacques, Zé Carlos Guimarães, Pedro Miguel, Mike Plowden, nomes que os adeptos de basquetebol dificilmente esquecerão, que marcaram em definitivo uma época e fizeram história no basquetebol nacional.
Em onze épocas - entre a época 1984/85 e a época 1994/95 - o Benfica sagrou-se por dez vezes campeão nacional, tendo sido interrompido somente na época 1987/88 pela A.D. Ovarense de Mario Elie e companhia. Além disso, nesse mesmo espaço de tempo, o Benfica ganhou ainda cinco Supertaças, quatro Taças de Portugal e cinco Taças da Liga. Impressionante!
Todos, mesmo os que não são adeptos do clube, têm seguramente saudades daquele Benfica. Um Benfica que dominou por completo o panorama basquetebolístico e que obrigou todos os outros clubes a trabalhar arduamente, a ter que subir muitos degraus e a profissionalizar-se para lhe conseguir fazer frente . O Benfica era então um exemplo a seguir por todos e se hoje existe Liga Profissional, muito se deve àquela equipa, que marcou o ritmo da evolução do Basquetebol Nacional, não só dentro, mas também fora do campo.
O que é certo é que a partir do inicio da Competição Profissional não mais voltámos a ter um Benfica como aquele. Desde 1995/96 - o primeiro campeonato organizado pela LCB - o Benfica não conseguiu arrecadar mais qualquer titulo de Campeão Nacional, tendo apenas vencido uma Taça de Portugal (95/96) e duas Supertaças (96/97 e 98/99).
A saída das suas maiores estrelas aliada à evolução das restantes equipas fizeram com que o basquetebol do Benfica perdesse o seu fulgor e a veia de equipa dominadora se tenha esfumado. Durante anos a fio fomos assistindo a promessas de recuperação da equipa e a fortes investimentos para que isso acontecesse, mas o que é certo é que isso jamais aconteceu. Trocas e mais trocas, tanto de jogadores como de direcção e inclusivamente de parceiros (a parceria com a Sportis foi um desastre) fizeram com que o Benfica, apesar de continuar a ser a equipa nacional mais galardoada de sempre, se tornasse numa equipa normal. Estava perdida a mística...
Com a chegada de Luís Filipe Vieira ao clube e a entrada de Fernando Tavares nas modalidades do Benfica a aposta foi ainda maior. Aumentou-se o orçamento, recuperaram-se grandes nomes do clube como Carlos Lisboa e Henrique Vieira mas as vitórias continuaram a não aparecer. O Benfica reclamava um lugar na ULEB para Portugal pois só assim o investimento se podia rentabilizar. A LCB conseguiu-o através do trabalho realizado na época passada que culminou com uma fantástica final entre o Porto e a Ovarense e com um share de audiências televisivas nunca visto em Portugal. O ambiente no basquetebol apontava para o bom caminho e o Benfica conseguiu até uma época razoável. Chegou à final da Taça da Liga, terminou a fase Regular em segundo lugar e chegou às meias finais do Playoff onde foi eliminado no quinto jogo, em casa, contra o Porto, mas acima de tudo deixou indicações de estar a encarrilar e de mais tarde ou mais cedo as vitórias acabariam por voltar ao clube.
A questão é que o "mais tarde ou mais cedo" é incerto e pode demorar. As vitórias não estão em acta e o risco de mais um ano de investimento sem sucesso desportivo é elevado. Já lá vão 12 anos sem ser campeão. Ainda assim, não entendo como um clube que serviu e serve de exemplo para todos - o maior clube do mundo - prefira por opção própria, não participar naquela que é a maior competição nacional de uma modalidade, seja ela qual for! O Benfica é um clube de topo, e como tal deveria participar em todas as competições de topo.
O Benfica queria a ULEB e aposta numa competição que não dá acesso a ela. O Benfica invoca o "caso António Tavares" e opta por uma competição onde não existe controlo anti-doping. O Benfica está financeiramente estável. O Benfica, como sempre fez, coloca o desenvolvimento do basquetebol nacional à frente de interesses pontuais da sua equipa. Os dirigentes do clube jamais permitiriam que o nome do Benfica fosse utilizado com objectivos meramente políticos. Enfim, por todos os motivos e mais alguns, a opção Proliga parece-me de todo ilógica. É certo que esteve em rota de colisão com a LCB e que a visibilidade poderá continuar a ser a mesma, mas... sinceramente e por muito que pense continuo sempre a levantar a mesma questão, não será esta uma fuga para a vitória?
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1 comentário:
Bom texto. Concordo na totalidade.
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