
Todos, mesmo os que não são adeptos do clube, têm seguramente saudades daquele Benfica. Um Benfica que dominou por completo o panorama basquetebolístico e que obrigou todos os outros clubes a trabalhar arduamente, a ter que subir muitos degraus e a profissionalizar-se para lhe conseguir fazer frente . O Benfica era então um exemplo a seguir por todos e se hoje existe Liga Profissional, muito se deve àquela equipa, que marcou o ritmo da evolução do Basquetebol Nacional, não só dentro, mas também fora do campo.
O que é certo é que a partir do inicio da Competição Profissional não mais voltámos a ter um Benfica como aquele. Desde 1995/96 - o primeiro campeonato organizado pela LCB - o Benfica não conseguiu arrecadar mais qualquer titulo de Campeão Nacional, tendo apenas vencido uma Taça de Portugal (95/96) e duas Supertaças (96/97 e 98/99).
A saída das suas maiores estrelas aliada à evolução das restantes equipas fizeram com que o basquetebol do Benfica perdesse o seu fulgor e a veia de equipa dominadora se tenha esfumado. Durante anos a fio fomos assistindo a promessas de recuperação da equipa e a fortes investimentos para que isso acontecesse, mas o que é certo é que isso jamais aconteceu. Trocas e mais trocas, tanto de jogadores como de direcção e inclusivamente de parceiros (a parceria com a Sportis foi um desastre) fizeram com que o Benfica, apesar de continuar a ser a equipa nacional mais galardoada de sempre, se tornasse numa equipa normal. Estava perdida a mística...
Com a chegada de Luís Filipe Vieira ao clube e a entrada de Fernando Tavares nas modalidades do Benfica a aposta foi ainda maior. Aumentou-se o orçamento, recuperaram-se grandes nomes do clube como Carlos Lisboa e Henrique Vieira mas as vitórias continuaram a não aparecer. O Benfica reclamava um lugar na ULEB para Portugal pois só assim o investimento se podia rentabilizar. A LCB conseguiu-o através do trabalho realizado na época passada que culminou com uma fantástica final entre o Porto e a Ovarense e com um share de audiências televisivas nunca visto em Portugal. O ambiente no basquetebol apontava para o bom caminho e o Benfica conseguiu até uma época razoável. Chegou à final da Taça da Liga, terminou a fase Regular em segundo lugar e chegou às meias finais do Playoff onde foi eliminado no quinto jogo, em casa, contra o Porto, mas acima de tudo deixou indicações de estar a encarrilar e de mais tarde ou mais cedo as vitórias acabariam por voltar ao clube.
A questão é que o "mais tarde ou mais cedo" é incerto e pode demorar. As vitórias não estão em acta e o risco de mais um ano de investimento sem sucesso desportivo é elevado. Já lá vão 12 anos sem ser campeão. Ainda assim, não entendo como um clube que serviu e serve de exemplo para todos - o maior clube do mundo - prefira por opção própria, não participar naquela que é a maior competição nacional de uma modalidade, seja ela qual for! O Benfica é um clube de topo, e como tal deveria participar em todas as competições de topo.
O Benfica queria a ULEB e aposta numa competição que não dá acesso a ela. O Benfica invoca o "caso António Tavares" e opta por uma competição onde não existe controlo anti-doping. O Benfica está financeiramente estável. O Benfica, como sempre fez, coloca o desenvolvimento do basquetebol nacional à frente de interesses pontuais da sua equipa. Os dirigentes do clube jamais permitiriam que o nome do Benfica fosse utilizado com objectivos meramente políticos. Enfim, por todos os motivos e mais alguns, a opção Proliga parece-me de todo ilógica. É certo que esteve em rota de colisão com a LCB e que a visibilidade poderá continuar a ser a mesma, mas... sinceramente e por muito que pense continuo sempre a levantar a mesma questão, não será esta uma fuga para a vitória?
1 comentário:
Bom texto. Concordo na totalidade.
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