24 de setembro de 2007

Proliga, o Campeonato dos "semis"

Pensava eu que estavam a acabar os "semis"! Todos os que já comprámos um carro usado tivemos que levar com o "semi-novo" ou com o "semi-usado". Enfim, o semi é aquilo que nem é uma coisa nem outra. Oscila consoante o interesse da ocasião e de cada um. Se formos comprar um carro usado, o "semi-novo" é aquele carro que apesar de ter muitos KM está quase como novo. Enfim, nem é novo nem é velho! É assim uma coisa intermédia que ninguém sabe bem o que é!

Pois bem, tal como o mercado automóvel, também o basket tem o seu "semi", a Proliga. Durante muitos anos ainda não percebi bem se a competição é profissional ou é amadora. Como não se sabe se é uma coisa ou outra, é semi-profissional! Sinceramente acho que o nome se adequa perfeitamente. Dá para os dois lados.

Vejamos:

1 - O Estado deixou de comparticipar as viagens aos Açores e à Madeira às equipas da LCB, supostamente por estas serem profissionais. As da Proliga, quando se deslocam recebem um subsidio do Estado. Aqui a Proliga é amadora.

2 - A Proliga obriga as equipas participantes a apresentar o seu orçamento para a equipa e a obedecer a uma série de requisitos para poderem participar na competição. Aqui a Proliga é profissional.

Ora bem, se numas coisas são amadores e noutras são profissionais, nada melhor que ser "semi-profissional"!

Mas esta temática traz-me mais uma série de dúvidas. Por exemplo, este ano haverá equipas que transitam da Liga Profissional para a Proliga que contarão no seu plantel com jogadores da época passada. Durante anos, estes atletas foram profissionais. Pagaram os seus impostos como atletas profissionais. E agora, passam a ser o que? Quando forem entregar a sua declaração de IRS no campo "profissão" vão colocar o que? Já os estou a ver a ligar para as finanças e a perguntar: "Sabe, eu jogo basket. Dedico a minha vida a isso, mas não sou profissional. Estou no desemprego a jogar basket. Ou será que jogo basket no desemprego. Dizem que sou semi-profissional mas diga-me, o que acha que devo colocar como profissão?". Será que alguém acredita que estes jogadores vão deixar de ser profissionais e agora vão jogar basket à borla??? Aliás, alguém acredita que há jogadores na Proliga a jogar de borla? Se recebem devem ter contratos... Se têm contratos devem pagar impostos... Digo eu! Mas se calhar, o estatuto de "semi-profissional" não precisa nem de contratos nem de pagar impostos...

Outra questão é relativa aos estrangeiros. Quando jogam na LCB são profissionais e os seus clubes têm de pedir, junto do SEF, licença para eles poderem trabalhar em Portugal. Têm de ser legalizados para poderem viver e trabalhar no nosso país. Estar inscritos na Segurança Social, na finanças, ter seguro de trabalho, etc. E agora na Proliga como é? Precisam os estrangeiros disto tudo ou não? Quantos pedidos de legalização de jogadores estrangeiros da Proliga existem nos ficheiros do SEF? Alguém acredita que os estrangeiros das equipas da Proliga vieram cá fazer turismo e por acaso apareceram no pavilhão para treinar? Se calhar a Proliga é a solução para os milhares de estrangeiros que passam meses a tentar obter a legalização em território nacional, passem a ser "semi-engenheiros", "semi-pedreiros", "semi-médicos", "semi-construtores" ou "semi-qualquer coisa"!Talvez assim possam trabalhar sem estar legalizados.

Pois é, muitas perguntas, poucas respostas e o eterno "semi" que ninguém sabe bem o que é. Na realidade, e em jeito de conclusão, acho que os clubes da LCB têm toda a razão em reclamar. É uma luta desigual onde uns têm que cumprir uma série de requisitos e outros, por não se saber muito bem qual o seu estatuto, nada têm que cumprir e ainda recebem subsídios do Estado.

Tal como estão as relações entre a Liga de Clubes de Basquetebol e a Federação Portuguesa de Basquetebol, receio que se vá viver uma situação idêntica á que ainda à pouco tempo se viveu no andebol. A nossa Selecção Nacional e o nosso Basquetebol, pelos resultados que têm obtido, não merecem isso. Se o Estado não meter atempadamente a mão neste conflito não sei onde isto irá parar.

Para mim não há dúvidas. Que se acabe com os "semis" e se assuma de uma vez por todas quem é profissional e quem é amador. Depois as instituições que assumam os direitos e os deveres dos seus estatutos. Agora ser "semi" ou não ser uma coisa nem outra prejudica a todos, inclusivamente ao próprio Estado.

5 comentários:

migueL disse...

Caso não saiba, na Proliga ha jogadores profissionais! Jogadores que pagam os seus impostos, e que podem declarar a Segurança Social que são jogadores profissionais de basket. As equipas que transitam da Liga com jogadores profissionais, não terão qualquer desses problemas...

RPaulo disse...

Acredito piamente que sim. A questão é? E quantos o fazem? E os clubes pagam a sua respectiva parte dessa SS? E esses profissionais pagam o seu seguro de acidentes de trabalho, obrigatório para qualquer profissão? Se há quem o faça ainda bem, mas duvido mesmo que muitos o façam.

Julio disse...

Pergunta. Será que consegue apontar um clube da LCB com as contas em dia? Se apontar não deve ser mais do que 50% dos clubes. De que serve ter obrigações se depois não as cumprimos? só para dizer que as temos? Em primeiro temos não que limpar o nosso lago, depois sim podemos começar a olhar para o do vizinho.

RPaulo disse...

Agora, infelizmente, na LCB são tão poucos os clubes na Liga que posso apontá-los quase todos. No entanto, eu coloco a questão ao contrário... se os clubes da LCB pudessem competir sob os regulamentos (orçamento mínimo, seguros, impostos pagos) da Proliga tenho a certeza que todos cumpririam! Não é desculpa, eu sei. Mas de certeza que o panorama seria bem diferente. Talvez por isso muitos fujam para a Proliga (vd exemplo do Queluz).

Por isso disse que o Estado deve intervir, e pelos vistos vai intervir. As regras das Ligas Profissionais devem mudar e o Conselho Nacional do Desporto tem que fazer alguma coisa. É que não estamos a falar de um exemplo nem de uma só modalidade, mas sim de muitos e ao longo dos anos.

Unknown disse...

Mas na LCB ha extrangeiros ilegais...3 meses e vao aos states no natal e mais 3 meses e ja estamos quase no fim da epoca e mais 1 mes menos 1 mes não faz diferença...meninos...são todos os meninos se soubessem tudo...