28 de setembro de 2007

Cartão amarelo!

Realizou-se ontem uma reunião tripartida entre FPB, LCB e o Sec. de Estado do Desporto, Laurentino Dias. Felizmente o Governo decidiu rapidamente meter a mão num conflito entre instituições que, pelo caminho que estava a tomar, parecia não ter fim e vir a ser prejudicial a todas as partes, sendo a modalidade aquela que mais sofreria.

Pelo que pude ler nos jornais a reunião resultou num monólogo do Sec. de Estado perante a plateia que impávida assistia à sua palestra. Sinceramente acho que a coisa não deve ter sido bem assim e que não ficámos a saber o que efectivamente se passou naquela reunião. Só o tempo dirá quais as indicações dadas por Laurentino Dias e só com as atitudes de ambos os Presidentes iremos perceber o que foi transmitido tanto à LCB como à FPB. Veremos agora como os Organismos e os seus Presidentes se comportam. Pra já devem ter levado um cartão amarelo...

No final as palavras do Sec. de Estado deixam antever uma mudança no desporto nacional: "Estivemos a tomar consciência dessas divergências (entre FPB e LCB)... Vamos pegar nessas divergências e transportá-las para uma discussão séria no Conselho Nacional do Desporto, para que, ao longo desta época, encontremos boas soluções que nos permitam, em 2008/2009, iniciar os campeonatos com modelos mais ajustados à realidade”.

Se assim for, a LCB deve ter saído mais feliz da reunião que a FPB. Afinal de contas é a LCB que se queixa (e a meu ver bem) de concorrência desleal e as conclusões do Conselho Nacional do Desporto só poderão ser para acabar com a concorrência, ou melhor, com a falta dela!

24 de setembro de 2007

Proliga, o Campeonato dos "semis"

Pensava eu que estavam a acabar os "semis"! Todos os que já comprámos um carro usado tivemos que levar com o "semi-novo" ou com o "semi-usado". Enfim, o semi é aquilo que nem é uma coisa nem outra. Oscila consoante o interesse da ocasião e de cada um. Se formos comprar um carro usado, o "semi-novo" é aquele carro que apesar de ter muitos KM está quase como novo. Enfim, nem é novo nem é velho! É assim uma coisa intermédia que ninguém sabe bem o que é!

Pois bem, tal como o mercado automóvel, também o basket tem o seu "semi", a Proliga. Durante muitos anos ainda não percebi bem se a competição é profissional ou é amadora. Como não se sabe se é uma coisa ou outra, é semi-profissional! Sinceramente acho que o nome se adequa perfeitamente. Dá para os dois lados.

Vejamos:

1 - O Estado deixou de comparticipar as viagens aos Açores e à Madeira às equipas da LCB, supostamente por estas serem profissionais. As da Proliga, quando se deslocam recebem um subsidio do Estado. Aqui a Proliga é amadora.

2 - A Proliga obriga as equipas participantes a apresentar o seu orçamento para a equipa e a obedecer a uma série de requisitos para poderem participar na competição. Aqui a Proliga é profissional.

Ora bem, se numas coisas são amadores e noutras são profissionais, nada melhor que ser "semi-profissional"!

Mas esta temática traz-me mais uma série de dúvidas. Por exemplo, este ano haverá equipas que transitam da Liga Profissional para a Proliga que contarão no seu plantel com jogadores da época passada. Durante anos, estes atletas foram profissionais. Pagaram os seus impostos como atletas profissionais. E agora, passam a ser o que? Quando forem entregar a sua declaração de IRS no campo "profissão" vão colocar o que? Já os estou a ver a ligar para as finanças e a perguntar: "Sabe, eu jogo basket. Dedico a minha vida a isso, mas não sou profissional. Estou no desemprego a jogar basket. Ou será que jogo basket no desemprego. Dizem que sou semi-profissional mas diga-me, o que acha que devo colocar como profissão?". Será que alguém acredita que estes jogadores vão deixar de ser profissionais e agora vão jogar basket à borla??? Aliás, alguém acredita que há jogadores na Proliga a jogar de borla? Se recebem devem ter contratos... Se têm contratos devem pagar impostos... Digo eu! Mas se calhar, o estatuto de "semi-profissional" não precisa nem de contratos nem de pagar impostos...

Outra questão é relativa aos estrangeiros. Quando jogam na LCB são profissionais e os seus clubes têm de pedir, junto do SEF, licença para eles poderem trabalhar em Portugal. Têm de ser legalizados para poderem viver e trabalhar no nosso país. Estar inscritos na Segurança Social, na finanças, ter seguro de trabalho, etc. E agora na Proliga como é? Precisam os estrangeiros disto tudo ou não? Quantos pedidos de legalização de jogadores estrangeiros da Proliga existem nos ficheiros do SEF? Alguém acredita que os estrangeiros das equipas da Proliga vieram cá fazer turismo e por acaso apareceram no pavilhão para treinar? Se calhar a Proliga é a solução para os milhares de estrangeiros que passam meses a tentar obter a legalização em território nacional, passem a ser "semi-engenheiros", "semi-pedreiros", "semi-médicos", "semi-construtores" ou "semi-qualquer coisa"!Talvez assim possam trabalhar sem estar legalizados.

Pois é, muitas perguntas, poucas respostas e o eterno "semi" que ninguém sabe bem o que é. Na realidade, e em jeito de conclusão, acho que os clubes da LCB têm toda a razão em reclamar. É uma luta desigual onde uns têm que cumprir uma série de requisitos e outros, por não se saber muito bem qual o seu estatuto, nada têm que cumprir e ainda recebem subsídios do Estado.

Tal como estão as relações entre a Liga de Clubes de Basquetebol e a Federação Portuguesa de Basquetebol, receio que se vá viver uma situação idêntica á que ainda à pouco tempo se viveu no andebol. A nossa Selecção Nacional e o nosso Basquetebol, pelos resultados que têm obtido, não merecem isso. Se o Estado não meter atempadamente a mão neste conflito não sei onde isto irá parar.

Para mim não há dúvidas. Que se acabe com os "semis" e se assuma de uma vez por todas quem é profissional e quem é amador. Depois as instituições que assumam os direitos e os deveres dos seus estatutos. Agora ser "semi" ou não ser uma coisa nem outra prejudica a todos, inclusivamente ao próprio Estado.

Deixar fugir o resultado...

Excelente! Fantástico! Estes são alguns dos adjectivos que qualificam perfeitamente a prestação desportiva da Selecção Nacional de Basquetebol no último Eurobasket realizado ainda este mês em Espanha. Um resultado esperado por muito poucos, mas que veio demonstrar que no nosso País a qualidade de jogo tem vindo a aumentar. A nossa Selecção está então de Parabéns!

E quando digo a nossa Selecção, refiro-me aos seus jogadores e equipa técnica, aos seus clubes e á competição que eles representam. Não digo que a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) enquanto instituição não esteja de parabéns, mas de todos, tem sido aquela que continua a demonstrar uma tremenda inaptidão para fazer perdurar o feito desta selecção por muito tempo e com isso conseguir a promoção da modalidade.

Pessoalmente julgo que o papel da FPB foi o mais fácil neste sucesso. Enquanto instituição, limita-se a juntar um grupo de jogadores de competições profissionais, ou seja não organizadas por si, e a dar-lhes condições para eles continuarem a produzir o seu basquetebol como fazem nos seus clubes. Clubes profissionais e de competições também elas profissionais que durante anos permitiram que a Selecção e os seus elementos – jogadores, treinadores, fisioterapeuta, seccionista, etc - pudessem evoluir e atingir o patamar que hoje felizmente atingiram.

Mas será só este o papel da FPB? E a promoção da modalidade? Ao fazer uma ligeira análise pessoal ao trabalho efectuado neste campo facilmente verifico que neste campeonato, nem para o Europeu seríamos apurados. A FPB não fez nitidamente o seu trabalho. Simplesmente comparando os resultados extra-desportivos da selecção nacional de Rugby com a de Basquetebol facilmente reparamos que a do desporto da bola oval dá 10 a 0 ao da bola laranja. Será que no basquetebol não impera também o fair-play? Não sentem os profissionais da Selecção o país como sentem os do Rugby? Tenho a certeza que sim, mas o que é certo é que isso não foi difundido por quem o deveria ter feito, a FPB. Outro exemplo poderá ser o facto de, se eu quiser comprar uma camisola ou um cachecol da nossa Selecção de Basquetebol nem sei se posso... Já para comprar a de Rugby basta ir a uma qualquer loja QuebraMar, ao site da Federação de Rugby, ao site da QuebraMar... Pois é, pode parecer um preciosismo, mas não é!

Se em termos desportivos os feitos do Basquetebol são, a meu ver, são semelhantes aos do Rugby, em termos promocionais a FPB dá tiros nos pés e tem deixado este momento de glória passar despercebido. Está-se a perder uma oportunidade de ouro, daquelas que não surgem muitas vezes.

Comparando agora com o que se passa aqui ao lado, em Espanha, existe a ñmania e a ñba, que mais não é do que uma excelente campanha de promoção da equipa nacional de basquetebol que mantem todo um país ligado à modalidade mesmo quando a Selecção se junta unicamente uma vez por ano…

A questão é que enquanto outras Federações se preocupam em promover o jogo e em captar pessoas para a modalidade, a FPB está mais preocupada em promover-se a si mesma... E quem perde é nitidamente o Basquetebol. A meu ver estamos a deixar fugir o resultado.

20 de setembro de 2007

Sób@sket

Pretendo neste espaço expressar as minhas opiniões e comentários sobre essa modalidade que tanto gosto e que me consegue deixar com pele de galinha sempre que entro num pavilhão. Enfim, e traduzindo o que dizia Pepu Hernandez - seleccionador espanhol - ao sagrar-se campeão mundial no Japão em 2006: B-A-S-Q-U-E-T-E-B-O-L.

Crónicas sobre experiências vividas, factos da actualidade, simples comentários mas sempre, mesmo sempre, sobre Basquetebol que vou publicando sem data certa mas com uma frequência que tentarei não ser muito espaçada no tempo.

Um blog aberto a todos, mas principalmente áqueles que gostam e sentem este desporto como a sua modalidade de eleição.

NOTA: Como é obvio, os comentários às minhas opiniões serão sempre bem-vindos. No entanto, informo desde já que para evitar a ofensa e a maldizência anónima os mesmos são moderados, ou seja, só estarão disponíveis depois da minha autorização. Espero que compreendam, não se trata de censura, trata-se antes de querer evitar maus exemplos e manter a decência e o interesse deste blog. A opinião é bem-vinda! A injúria fácil escondida atrás de nick não!